O HIPER - EDIÇÃO #1


     HIPER    

  




       vs


...ZERO PARA LANÇAR.

Por: Mauricio Ado de Sousa.


Floresta da Tijuca, Vista Chinesa, Meia Noite.



  Uma figura de casaco preto, com camis por baixa da cor verde, ao lado de um homem comum.    A figura de preto carrega um saco pequeno na forma de um tijolo.

   O homem comum, nervoso — Sim! Olha cara, nós da polícia estamos tentando achar esse cara,  mas ele não aparece de jeito algum, ninguém acha o tal maluco das garras de fogo!

A figura de preto esticando o saco — Tome o seu dinheiro Tenente!


O tenente — Precisando, é só me procurar HIPER!

           

A figura de preto, o chamado Hiper, olha para a cidade lá embaixo...De aspecto sombrio se afasta do policial corrupto em direção ao seu carro negro, entra e acelera estrada a baixo dentro deste um pensativo homem angustiado.


Hiper, pensando: “Justiça, nada de marginais...Justiça, mesmo que com as próprias mãos!”


            O carro negro segue estrada abaixo.




Seis anos atrás.


            Uma casa no subúrbio da cidade do Rio de Janeiro, um garoto de quatorze anos vê uma ambulância parada a porta de sua casa, eles  estão levando sua mãe.


O enfermeiro, passando a mão na cabeça do menino — Não se preocupe garoto!


O garoto, assustado com sua mãe se debatendo — O que ela tem?


O enfermeiro, falando pausadamente — Sua mãe tem que ser internada...Ela está um pouco perturbada, mas logo vai se recuperar!


            O garoto só vê sua mãe se debatendo entre os enfermeiros, sua tia o abraça.


A tia apertando forte o garoto — Meu sobrinho...Sua mãe está louca...A Mathilda está fora de si...Não vê como os vizinhos a chamam de Mathilda Maluca...


O garoto, lágrimas nos olhos — Tem certeza tia?


A tia  — Garoto...Esse papo de você ser filho de extraterrestre...Dela ter sido abduzida...é caso de internação...Você sabe...Isso vai te prejudicar...


            Sua tia o levou para morar com ela, mas a raiva do garoto o levou para cada dia passar mais tempo na rua, mais tempo longe do lar de sua tia, longe dos que conheciam sua mãe.




TEMPO ATUAL.


O Hiper, chega pelas costas e pega pelo colarinho — Olá Zé da Gota!

O homem assustado tenta correr — Hiper? Olha eu fiquei sabendo das mortes, mas não sei de nada, esse cara assassina putas e garotos de programa!

O Hiper, joga uma nota de vinte — Fica de olha aberto pra mim, Zé!

            A figura de casaco negro se afasta e vai procurar outros , por onde passa só ouve:

“Não sei nada desse maluco!”.




Cinco anos atrás.


Quinze anos tem o adolescente, sua tia toda hora o lembra de quem é filho.


A tia — Sua mãe não tem todos os pinos no lugar,!


Ele foi ver sua  mãe internada...Um baque...Uma dor sem igual...Sua mãe andando de um lado para o outro murmurando algo ao se aproximar o reconhece, mas tudo irreal...


Mathilda, a mãe — ...Meu filho...Meu filho e do homem do espaço...Me pegaram...Me abduziram...Fizeram experiências...O Homem de espaço dormiu comigo...Seu pai...ET!


            O garoto sai cabisbaixo, lágrimas mais fortes rolando.


Garoto — Minha mãe é maluca varrida!


Do lado de fora, sem que ele veja um homem vestido de jaqueta jeans o observa. Presta atenção na reação do garoto.


O homem — Mathilda, não cuidou do garoto como devia!


Uma semana depois o adolescente está completamente na rua vivendo com outros garotos perto de igrejas do centro da cidade do Rio.


Um dos garotos de rua — Cara por que não volta a morar com tua  tia?


O Garoto — Minha Tia me bate, bebe, é doida que nem minha mãe!


            Em seis meses ele aprendeu a pedir esmolas em inglês aos turistas....Às vezes dando uma de guia...Os turistas começam a adorar o garoto.


Turista americano — Hey Kid, you’re smart! Kid you’re HYPER!


O Garoto — Hyper?


Turista americano, lhe dando uma nota de 50 dólares — THE  HYPER!



TEMPO ATUAL.


Hiper  aprendeu a ser sutil quando as coisas não se esclarecem devidamente. Está num beco ao lado de um dos seus informantes, um dos seus contatos, Hiper pega os dedos do seu informantes e esmigalha. Deixa-o com ossos partidos.


Hiper, ameaçadoramente — Melhor falar Dino, se não juro que quebro as tuas pernas!


Dino com expressão de dor — Não Hiper...Eu não...Não Sei!


Hiper, apertando mais um dos dedos — Isso não cola seu pé de chinelo!


Dino — ahhhhhhhhhhahhhhhhhahahahahahahahahhhhhhhhhhhhhhhhh!


Quatro Anos Atrás.

            Um senhor se aproxima do Garoto, ele trás um pouco de comida.

O senhor — Você é o garoto que todos chamam de Hiper?


O garoto Hiper — Sou sim? Por que? ‘Polícia?


O senhor, olhar espantado — Não! Sou da     ONG Viva Vida, você não quer ser ajudado!


O garoto Hiper — Eu não sou garoto de programa tio!


O senhor, com os olhos mais arregalados — A Viva Vida cuida de garotos carentes, a gente pode te ajudar, você não quer tentar? Fiquei sabendo que às vezes você vira guia de turistas...


O Garoto Hiper — Emprego? Tá! Se pagar bem!


O senhor sorrindo — A gente vê isso! Qual seu nome garoto?


O Garoto Hiper — Num tenho não! Uns me chamam de Diego, outros de Mauricio, a maioria me chama é de Hiper mesmo! Todos os turistas já me conhecer como The Hyper!


TEMPO ATUAL.


O Hiper, pensando: “A ONG Viva Vida foi o meu verdadeiro, desde que entrei lá me chamaram de  Diego Hyper! Aprendi muito  dentro da ONG!”


            O carro segue por ruas conhecidas do hoje homem, outrora garoto de rua.


Dois Anos atrás.

Hiper está na ruas envolta da Candelária, camisa da ONG Viva Vida.


Diego Hyper — Olá garotos sou voluntário da Viva Vida estão a fim de comer...


Um dos garotos de rua — você é o que todos chamavam de Hiper? Olha teve um garoto que foi ameaçado por um maluco que anda por lá, ele fala em matar os moradores de ruas e...


Um outro voluntário fala — Diego, melhor a gente falar com...


Hiper — Polícia? Eles não ligam para moradores de rua...Eles não fazem nada!


Naquele mesmo dia na sede da ONG, o velho senhor que o acolheu...Pedro Gross.


Hiper — ...Tudo que eles vão fazer é anotar num papel e nunca mais mencionar sobre isso...A Polícia não está preocupada com meninos carentes...


O velho Pedro Gross — Diego desde que você veio trabalhar com remuneração na ONG tudo mudou. você quase sempre esteve certo, é um verdadeiro exemplo, um garoto propaganda para os outros garotos de rua...Todos já ouviram falar de você, mas está na hora de confiar nas autoridades, nas pessoas...Nas instituições, nas pessoas...


Hiper — Confio nos ingleses que investem dinheiro no Viva Vida!


O velho Pedro Gross — Sei! Aqueles que ficaram sabendo que o garoto Diego das praias do Rio faziam parte de uma ONG, fizeram questão de doar dinheiro para o Viva Vida, só por que você estava aqui!


O Hiper — Não é assim não senhor!


O Senhor — você pelo jeito de lidar com as pessoas, pelo que foi esperto ao falar com os turistas, nunca estelionatário, mais sim simpático, um malandro romântico, é sim uma ótima pessoa garoto, mas tem que aprender a ter valores maiores na vida...Se não de que adianta nossa luta. Para que?


            Naquela mesma noite quatro garotos foram mortos numa das ruas paralelas do centro do Rio de Janeiro. A raiva inundou o coração do Hiper.


Hiper — Não vou deixar essas coisas acontecerem...Não Vou.



TEMPO ATUAL.


Rio de Janeiro, à noite.


Um Homem de casaco e calça jeans observa o que está para acontecer.


Mendigos correm da área da Candelária, um maluco recitando algo, seu cabelos negros, sua camisa com uma cruz vermelha, de suas mãos garras de metal, com um fogo passando por elas, acaba de cortar mais um infeliz das ruas do Rio de Janeiro.


O homem com camisa com cruz vermelha — As garras da Redenção, te libertarão!


Diz a cada ato de dilaceração que produz com as garras que pegam

fogo. Parte para cima de outro...um homem bêbado...ele corta a cabeça do individuo fora...


O homem celerado — As garras da redenção, te libertarão!


Ele vai na direção de uma garota de programa, quando na sua frente surge um carro negro de dentro salta homem, calça jeans, camisa verde com um H estilizado, ele pega os braços do individuo e detêm o ataque...


O celerado falando alto — Infiel está atrapalhando o serviço de FABER DEI, eu estou executando o serviço de Deus, seu infeliz, me deixa executar a obra divina.


Hiper — Não vai matar nenhum desamparado enquanto eu estiver por aqui!


Faber Dei — Quem é você infiel?


O Hiper — O cara que impede que você corte as pessoas, seu maluco...


O FABER DEI parte para cima e tenta cortar o rapaz...mas só chamusca a pele...a pele do rapaz é muito espessa...


   Faber Dei — Quem é você Filho do Diabo?


  Hiper, pulando — Pode me chamar de Hiper!


   Faber Dei — Eu não corto a sua pele!!!



   Hiper, olhando o braço — Mas me deu uma baita queimadura...


  O Faber Dei tenta novamente, o Hiper dá um salto para trás, enquanto está no    ar, na pirueta o Hiper pensa algo, com a força de 100 homens ele levanta uma caçamba de entulho de construção e lança sobre o maluco...


  O aço da caçamba é cortado como manteiga, de dentro o religioso doido, com olhos vermelhos, olha furiosamente para o Hiper...


Faber Dei, num delírio — Meu pai, Senhor Deus, por que queres minha provação...por que mais esse filho do diabo diante de mim??? Queres que eu prove ainda mais minha devoção ao senhor!


O Hiper —  Então você é um psicopata religioso hein?

Faber Dei — Cale a boca filho do diabo, respeite Faber Dei...eu tenho a missão celeste a cumprir!


O Hiper em tom desafiador — Sabe que tal você vir aqui calar a minha boca!


As garras de Faber Dei se tornam maiores ele parte com tudo para cima de Hiper, ele corre na direção do Faber.  Hiper coloca suas mãos no ombro do Faber, gira usando os ombros do psicopata como apoio, ele cai atrás do Faber, que vira o pescoço para olhar, nisso Hiper puxa o religioso pelos ombros lançando bem longe até ele se chocar contra uma pilastra...


O Hiper — Tomou papudo???


Ao longe observador de jeans sorri com os movimentos e o raciocínio do Hiper.


A polícia chega para prender o maluco...ele quebra umas algemas, mas o Hiper lhe dá um bom soco no queixo, e o psicopata Faber Dei está dormindo...


O Policial — Ei! você não era aquele garoto que vivia lá no sopão de Dona Sinhá!


O Hiper — Isso aí seu policia!


O Policial — Cresceu em garoto! Quem disse que pode fazer isso aqui?


O Hiper — é assim que me agradecem...Espalha por aí autoridade...O Hiper vai cuidar das ruas!



FIM.