O HIPER - EDIÇÃO #6

 

 


 

 

   VS 


ENCONTRO COM O RIO.

Por: Mauricio Ado de Sousa.

 

Delegacia de Policia do Centro da Cidade...

Um policial se aproxima da viatura — Delegado, vamos prender o tal Rude?

O delegado — O Hiper!

            Sirenes! Giroflex ativos, o sinal de que a Polícia vai atuar.


 Sede da ONG Viva Vida.

 

            Todos os carros de polícia cercam o local, os homens da lei  estão prevendo um confronto. Os policiais estão aqui atrás dele.

             No segundo andar de uma janela ele vê o auê na frente da sede...Ele, o Hiper.

 

Um policial — Delegado, eu vi o homem na janela, segundo andar a direita!

 

O delegado — Cerquem tudo!

 

Hiper estanha toda essa operação envolta da sede.

 

O delegado — Apareça HIPER! Vamos logo...Sei que está no prédio!

 

       Hiper aparece pela porta da frente, logo os policias se jogam sobre ele, quando dá por si está no chão com as mãos nas costas, algemadas.

 

O Hiper —  Estão me prendendo por que?

 

O delegado — Testemunhas afirmam ter te visto matando um informante na Cidade Nova!

 

       Hiper pensa um pouco e logo deduz o fato de tanto aparato.

 

O Hiper — ...Podia armar coisa melhor!

 

       O comboio de policiais partem levando o vigilante.


Leblon, um edifício luxuoso.


           Rico Viera Rio recebe um telefonema.

 

Rico Viera Rio — Ótimo!

 

Na viatura da Polícia o Delegado que prendeu Hiper fecha o seu celular.

 

Apesar de tudo Hiper ainda está dividido entre cidadão e vigilante, cumpridor das leias por mais inverossímeis que possam parecer...

 

Hiper dentro da viatura raciocina: “Armação! Foi o Rico Viera Rio! Ele quer me mostrar que manda no tráfico e etcetera. Não sabia que ele tinha tanta força assim! Me querem bem longe dos negócios dele.”

 


Cela de delegacia, local adequado para NÃO APRENDER nada...

 

            Vários homens amontoados num local que deveria ser apenas para dez pessoas...

 

Um dos presos — Aí tu que é o maluco do Hiper?

 

            A pergunta alvoroça todos os outros, nada é respondido. E três  homens se jogam sobre o Hiper, que os arremessa contra a parede. Os outros presos da cela pulam sobre o vigilante como se ele fosse um prato de comida. São abatidos como aves de uma granja.

           Quando o delegado chega na cela, todos os outros prisioneiros estão desmaiados, enquanto um Hiper de pé coloca as mãos na grade.

 

Hiper — Valeu estou esperando mais um pouco de exercício...Ou só tinha esses pra me quebrar? Tu me prendeu a mando dele, do Rico Viera Rio não é?


Um dia se passa.

Aparece na delegacia um advogado, chega com hábeas corpus. Hiper é levado há uma sala onde se encontra com o bacharel em direito.

 

Hiper, barba por fazer — Quem é você? Quem te mandou?A ONG não foi!

 

O advogado abrindo sua pasta — Muitas perguntas... Eu vim tirar você daqui! Cá estou não basta? Ou prefere voltar para aquela cela?

 

Hiper desconfia — Eu sei que...Como vou saber que não trabalha para o mesmo cara que arrumou para me prender?

 

O advogado — Palpite errado! Eu vou mostrar para você para quem eu trabalho! Vamos!


Adentram um carro se seguem para a Barra da Tijuca.

Bela residência, local repleto de segurança. Casa tipo colonial, branca, dentro de uma área residencial de alto luxo.

 

O Hiper falando para o seu guia — Olha pela casa já vi que é um dos GRAÚDOS! Eu já previa...Não devia estar em meu estado normal quando aceitei ajuda de quem não conheço!

 

O advogado — Calma! Não fique nervoso!

 

    Ao adentrar a casa de luxo ele vê uma figura que sempre está nas colunas tanto sociais quanto policiais. Sempre indiciado, nunca condenado. A casa é do Deputado Cláudio Zelli.

 

O Hiper faz cara de contrariado — O que quer, Deputado Zelli?

 

Deputado Zelli dispensando o advogado — Sua ajuda!

 

O Hiper num tom seco — Contra quem?

 

Deputado Zelli — Você sabe a mando de quem a polícia te prendeu?

 

Hiper já enraivecido — Eu não trabalho desse jeito e nem pra gente como você!

 

Deputado olhando curioso — Ajude de vez em quando...Só para pagar o que me deve!

 

Hiper já dando as costas e indo embora —Mande a conta para minha casa! Eu pago! Adeus Deputado...Eu não vou entrar na sua guerra contra o Rico Viera Rio! Esqueça!

 

            Hiper se vai, sem ser incomodado por ninguém, o Deputado Zelli abre uma pasta...

 

Deputado Zelli — Esquecer? Eu tenho meios de te convencer vigilante!


Na América do Sul cada esquina é uma aventura.

 

            Hiper decide pegar seu carro e procurar respostas. Rodando pelas avenidas como a roda da fortuna ele acaba indo procurar seu informante Dino.

 

            O informante relata para o vigilante, para aquele que a rua apelidou de Anjo Maldito.

 

Dino mas na porta falando baixo — ...O cara tá querendo te pegar, ele tá ligado à facção...

 

            As últimas palavras são sussurradas, quase o vigilante não escuta.

Dino agora afastado do carro negro — ...é isso aí cara!


O carro negro se dirige direto para o Vidigal.

 

 

 

“Tummm”, esse som é escutado duas vezes, Hiper sente o carro se arrastar pela janela verifica que dois pneus traseiros estão furados. Ele estaciona o carro.

 

Em alta velocidade um carro freia ao lado do carro negro. Uma Kombi, as portas são abertas...João HK e outros dois homens estão na parte de trás portando armas.

 

João HK gritando — Miudão e o Boca Doida vão pegar esse cara!

 

Frases não são mais ditas a ação exige eles vão ao encontro do perigo.

 

Hiper — !!!

 

A sensação de perigo sobre nas veias de Hiper, um instinto primitivo, animal, o faz  ir para trás da porta do carro. Os trovoes chegam...o som de tiros...Trovoes... eles andam atirando, indo até o carro. Boca Doida olha dentro do veículo preto. Nada

 

Miudão — Aí, João HK, o cara sumiu...Desapareceu!

 

João HK — Cuidado com ele...A ordem é pra matar, ouviu Miudão?

 

            Ordem. Isso que passa pela cabeça do Miudão. Atacar e depois sumir, sempre é assim.

 

Miudão — Vamos ver o que ele vai fazer!

 

            Um golpe marcial, no Boca Doida, um chute bem na cara, Hiper pega a arma da mão dele, Miudão começa a disparar, Hiper pega o Boca Doida e salta  para o alto de um sobrado.

 

     Lá de cima ele solta o Boca Doida que parte com força no chão...João HK olha o corpo estirado, desacordado.

 

João HK gritando para o alto do sobrado — você não vai escapar Hiper!

 

Ouve-se uma voz vindo do alto do sobrado — Prepare-se...

 

      João HK e Miudão engatilham as armas. Ficam esperando algo vir de cima.

 

Miudão — Vamo embora HK, ele tá malocado por aí...Tá na vantagem!

 

João HK — Tu acha o que? Que o chefe vai aceitar a gente fugir...

 

            Um barulho feito às costas dos dois...Uma sombra passa. O que fazer quando o alvo é uma sombra perdida na noite, se pergunta o João HK. O matador tem impressão de ver algo...ele mira naquele canto e descarrega um pente de sua arma, o mesmo o faz seu parceiro.

 

A voz vindo do outro lado — Aí João HK, sei quem te mandou...Ele prometeu grana? Pena pois nunca vai me pegar, entendeu seu bundão!

 

       Com ferocidade própria do matador profissional, João sai correndo atirando para a direção da voz. Descuido em sua profissão, ao passar ele sente um impacto nas costas. Logo um cotovelo acerta a su8a cara quebrando cinco dentes. João cospe sangue. Uma sombra, uma imagem à frente, não se ouve nada...

 

João HK — Miudão?

 

Hiper aparece jogando o corpo desacordado do Miudão — Como me achou?Como sabia que ia passar de carro por aqui?

 

João HK — Como Foi? você sabe como foi que ficamos sabendo!

 

Hiper  — Dino se vendeu!

 

João HK — ...é a vida é assim justiceiro...

 

Ele aponta a arma, um salto  com pirueta, Hiper passa por cima da cabeça de HK,  cai as suas costas, um empurrão e João vai bater a cara contra uma parede.

 

Hiper —...a vida é assim mesmo!

 

O fim da luta. Ele o vigilante tem a sensação que o futuro terá sempre essa rotina.

 

Ele amarra todos e os deixa na delegacia. Delegado contrariado com cara de não gostar de ter que prender os três. Depois disso Hiper entra no carro e vai em busca...

 

Hiper desacelerando o carro e gritando — Dino!

 

O informante ao escutar a voz de Hiper se coloca a correr, porém ao olhar para trás esbarra contra um poste...Bate forte o nariz no cimento do poste.

 

Hiper levantando o informante —  é muito burro...Estava achando que ia fugir de mim?

 

Ao ficar de pé, um rombo no meio do peito de Dino sangue por todos os lados. Hiper olha para os lados nada vê, ele olha para as janelas e nada também...

 

Hiper espantando — Como foi que...

 

O atirador ficou bem escondido.


Outra manhã, sede da ONG Viva Vida.

 

            Um bilhete, um recado: “Torça para que não seja você na próxima vez, nem alguém conhecido...Dino só foi aviso!”.

 

O telefone toca, Hiper atende e fica nervoso sai correndo para o endereço que lhe foi dado. A raiva está estampada na sua cara.


Sanatório Enéas, Leblon.

 

            Hiper entra gritando com todos, até se deparar com o advogado do Deputado Zelli.

 

O Advogado — Que tal as acomodações...Mas recursos que naquela casa não acha!

 

            Hiper ergue o homem pela barriga até lá encima pronto para arremessa-lo.

 

Hiper — Diga para o seu cliente, chefe...Sei lá o que...Quando mexer com minha mãe de novo eu vou pessoalmente falar com ele...Irei atrás dele onde estiver! Eu não sou um heróizinho de gibi, não...Não vai ficar barato, certo?

 

            O Advogado diz um sim medroso, enquanto Hiper retira sua mãe do Sanatório.

 

Hiper para sua mãe — Nós vamos sair daqui, mãe...Venha comigo...

 

Ele a leva para uma nova casa de saúde, onde dá recomendações explicitas...

 

Hiper — Senhor, eu e somente eu sou responsável por minha mãe, se ela for retirada daqui eu processo, responsabilizo e o escambau aqui, certo? Estou confiando na sua clínica...

 

 O diretor não entende mas aperta a mão do Hiper como a de qualquer cliente.


Restaurante Plataforma, zona sul do Rio de Janeiro.

 

Duas figuras entram no restaurante. O homem todo de branco e o deputado.

 

 Rico Viera Rio — Não devia atuar em área que não conhece Deputado!

 

Deputado Zelli — Não sei do que fala senhor Viera Rio. Sou um servidor do bem estar social...Trabalho para o povo...você me diz que não devo atuar pelo povo?

 

Rico Viera Rio — você nunca foi pelo povo, otário! Estou sabendo que está querendo recrutar o tal vigilante, péssima idéia, já tentei isso!

 

 Deputado Zelli — Mandar uns homens para falar com ele, fiquei sabendo!

 

Rico Viera Rio — Sabe o que está fazendo? Trazendo um vigilante para próximo de nossa disputa, a gente acha que sabe muito sobre ele...Ele não parece do tipo que vai entregar um de nós para os NOSSOS POLICIAIS...Ele pode resolver definitivamente as coisas...

 

Deputado Zelli — Quer dizer que tem medo da reação dele...

 

Rico Viera Rio — Sabemos pouco sobre o jeito dele...Mexer com mãe de um tipo assim pode ser perigoso Zelli, um péssimo jeito de começar a sondar...

 

Deputado Zelli — O Importante é que ele mete medo em você!

 

Rico Viera Rio — Ele conhece bem o Rio, em todos os sentidos, foi criado na rua...Não é cordeiro...é lobo, senhor deputado!

 

            Alguém de longe vê os dois juntos. Um repórter atrás de uma cobertura sobre o crime e seus financiadores. Com seu celular filma ambos...Viera Rio e o Deputado Zelli. E some.


 Quatro horas depois...

 

 O repórter adentra a ONG Viva Vida, rosto com expressão de terror.

 

O repórter em tom rápido e aterrorizado — Olha  estão querendo me matar...Tenho um vídeo com o encontro entre o Deputado Zelli e o traficante Rico Viera Rio! Eles vão me matar...Me ajuda...Bateram no meu carro me jogaram num canteiro...Armas, várias armas...

 

O Hiper impressionado com o estado alterado do homem...

 

O Hiper — Calma cara quer parar e se acalmar, não estou... Do que está falando?

 

O repórter — Sou jornalista...E flagrei os dois conversando...

 

O Hiper — Duas coisas...Uma eles estão em lados opostos...Segunda por que veio me procurar? O que eu tenho haver com isso?

 

O repórter — Eu sei que você anda pelas ruas protegendo as pessoas...Ajudando...E cara eu estou precisando de ajuda...Vai deixar os caras me matarem...Eu tenho o filme deles juntos...

 

O Hiper — Eles te querem morto! É vou ajudar...Mas só uma coisa você não sabia no que estava se metendo quando pegou esta imagem?

 

 O repórter abre os braços dá de ombros como se dissesse “e aí  é meu trabalho”.

 

O repórter por fim só diz uma coisa — Obrigado Hiper!

 

            O dia se arrasta, enquanto o jornalista faz vários telefonemas. E envia via internet o vídeo para a redação do jornal Correio da Tarde.


Tempos e momentos posteriores.

 

            Nada acontece, Hiper leva o jornalista até o edifico do jornal Correio da Tarde.

 

O repórter — E aí não vai subir comigo, cara?

 

Hiper — Voce está bem...Seu vídeo já foi enviado, fico esperando aqui embaixo.

 

            O repórter entra no elevador, os números vão indicando para Hiper que ficou no térreo que o aparelho já está no oitavo andar quando tudo apaga...Escuta-se o estrondo do elevador chocando-se contra o piso, portas do térreo se abrem e a fumaça do impacto se espalha....

 

Hiper — Deus!!!

 

            Sobrou apenas corpos retalhados...


 

Hiper pega o jornal do outro dia e nada sobre o encontro do deputado e o traficante.

 NADA...APENAS...

                V S

                               O FIM.