O HIPER - EDIÇÃO #2

 

 

 

          

 

 

 

    vs 


 

 

MAQUIAVELLE.

    Por: Mauricio Ado de Sousa.



Rua Fox Mulder, Grajaú. Ela está lá  e com um belo armamento, homens, contatos para revender os produtos, que ela conseguiu...Uma casa.


Hiper está no teto observando a movimentação da mulher por entre frestas de um telhado quebrado. Hiper, relembra a conversa com o seu informante Dino.


Dino, falando — A mulher é estranha pra caramba parece até que tem pacto com o diabo!


Neste momento...


Dentro da casa, uma mulher linda, muito sedutora e provocante de cabelos loiros.



A mulher segurando uma peça - Vamos vocês vão pagar ou não? A mercadoria é boa!


E os cinco homens pegam as armas para a mulher. Hiper vê e decide atuar então. Hiper derruba abaixo a porta da casa. Ele está com um punhado de granadas de fumaça e um bastão na mão. Ele as lança, os homens dentro apontam submetralhadoras para ele.  Há seis pessoas lá dentro, pulos, saltos, Hiper cuida de cinco...Que ficam estendidos no chão. Somente a mulher fica de pé entre fumaça. Ela observa todos os homens jogados pelo solo.


Hiper, se aproximando da mulher - Você é a Maquiavelle?


Ela só olhando fundo nos olhos dele. Atrás da mulher as mesas e cadeiras começam a levitar. A  mesa voa e se quebra no peito do Hiper, ele que entrou usando um bastão cai no chão, mais cadeiras vêm em sua direção, ele consegue pegar no pé de uma e a direciona para Maquiavelle, mas ela olha e com o pensamento faz a cadeira se espatifar contra a parede. Os móveis ficam suspensos no ar


Todos olham para trás por haver uma a grande sombra que se faz na porta, o vento sopra, Hiper e Maquiavelle somente se entreolham. Na porta uma figura forte, imponente, silenciosa, atrás de si sopra um vento frio.



  Até que esilhaços da mesa e cadeiras novamente se movimentam   agora sobre o Hiper e o novo personagem. Maquiavelle com seu olhar faz a casa desabar sobre os dois.

  Algumas centenas de segundos se passam na ampulheta de areia  imaginária.

  O estranho e o Hiper estão vagando pelo reino onírico de Morfeu.


  Hiper acorda decide interrogar o estranho que atrapalhou a captura da mulher.


O Hiper, chutando o homem — Acorda estranho...A polícia vem aí!

    

   As sirenas não são ouvidas, mas elas vão chegar, sempre haverá esperança que as sirenes cheguem, não é certo pensar o contrário. Enquanto isso o Hiper coloca o homem de pé.


O Hiper — Quem é você? Por que estava me seguindo o cara? Você não é polícia, então o que fazia ali? Qual é a sua?


O homem — Cara como você faz pergunta...Muita pergunta! Eu sou RUDE!


O Hiper — Tá você é grosso...Sem educação que isso tem haver?


O homem — Pensei que fosse mais esperto...Meu codinome é RUDE!


O Hiper — Você é um justiceiro então?


Rude — Tão justiceiro como falam de você? Você não é o cara que dizem tá pelas ruas...


O Hiper — Meu nome é Hiper! Não sou justiceiro...Sou um vigilante!


Rude — Tudo bem e qual a diferença?


O Hiper — Justiceiro pega e mata quem acha que é criminoso. O Vigilante vigia, ajuda as pessoas, não sai matando gente inocente!


Rude — Bem então?


O Hiper — então...Eu estava seguindo ele há  um bocado de tempo e você me atrapalhou!


Rude — Depois que tu entrou eu ouvi briga, decidi entrar!


O Hiper — Aquela mulher é problema meu! Eu não tenho nada contra você, ainda, então não se meta cominho


Rude — Cara ...



 Hiper lhe dá um soco, apesar do tal Rude se muito maior

que ele, o homem acaba sendo levantado do chão pelo golpe e cai desmaiado no chão.

O Hiper diz — Desculpe a rudeza camarada!

E o carro negro corre mais rápido nas ruas. Rádio dentro do carro negro na freqüência da polícia pegando tudo que é comentado por eles no Ri de Janeiro atualmente:



“Zzzz...Carros...zzzz...A suspeita na Rua São Clemente...zzz”


Esta é a direção sob noite escura com lua nova e o carro negro queima pneu indo, indo sem desacelerar, ele percorre as ruas. O carro negro voa através das ruas...segue veloz pelas ruas do Rio de Janeiro. Ele passa por vários carros da polícia que percorrem a região.

 

    

 

            Nenhum pede para que o carro negro encoste. As luzes atraem a visão do Hiper. Seus pensamentos vão para como entrar no local do cativeiro.




Rua São Clemente, cidade do Rio de Janeiro.


Hiper para o carro, ele raciocina : “Tem muita polícia envolta do prédio! Melhor por a máscara negra só para confundir, alegar que podia ser outro...”


           O vigilante entra em outro prédio e de lá pula na escuridão da noite

para o teto do edifício cercado. Ele avista policias só do lado de fora ninguém das construções ao lado cobrindo as janelas. Eles entra através de uma janela, devagar chega a escadas...As desce bem devagar indo ao encontro do som. Ele é surpreendido pela Maquiavelle a sua frente.



Maquiavelle, olhando de baixo para cima — Você não se cansa não  vigilante de uma figa? Você acha que ia entrar aqui sem eu saber, achava mesmo? Não viu meu poder antes? Essa mascará negra não esconde seu rosto de mim, eu estou vendo em sua mente sua auto-imagem!

O Hiper, parado, espantado —...Maquiavelle se entregue, ou...você sabe a força que eu tenho!



Móveis de toda a casa voam sobre o Hiper, que com socos vai espatifando tudo que ela arremessa contra ele. As pessoas reféns estão em pânico, à polícia lá fora gritando algo.


Hiper pula sobre a Maquiavelle e tenta socar a cabeça da mulher.


Maquiavelle — Certo vigilante, agora vamos ver se gosta do meu jeito de lutar...


            Hiper é erguido no ar, fica lá flutuando a mercê da vontade da mulher.

Maquiavelle, fazendo o Hiper girar — Você é um palhaço Hiper...


            Maquiavelle aperta os olhos, Hiper sente algo na sua mente.

Maquiavelle — Sim Hiper, eu posso ler sua mente, sei seu nome, toda a sua história...você não sabe onde está não é mesmo? Esta é a casa de Avelar Montes!


Hiper olha e vê uma família amarrada, então fala — Avelar Montes? O candidato a prefeito?


            Maquiavelle o levita até a sala onde Hiper pode ver os rostos em pânico.


Hiper — O que você quer com ele?


Maquiavelle — você viu os homens apontando armas contra mim...São homens dele, ele se passa de prefeitável, de homem simples...Na verdade ele é que negocia armas com a maioria das facções dos morros, e quis me tirar dos negócios. Ele vai ver que ninguém consegue isso!

Está escutando Avelar...Eu vim aqui matar você!


Um homem corpulento cai sobre a Maquiavelle, é o Rude, no mesmo instante Hiper vai ao chão e corre para desamarrar Avelar e família. Maquiavelle levanta fácil o Rude  e o lança encima do Hiper que se desvia. Rude bate contra uma escrivaninha, Hiper dá um pulo e bate com as solas dos pés no peito de Maquiavelle. Maquiavelle leva o Hiper a se chocar contra o Rude desmaiado. Hiper pula bem alto quebrando o teto da casa, Maquiavelle fica olhando, nisto Hiper cai bem na frente dela e a soca, porém o soco acerta algo invisível em volta da mulher. Avelar vem por trás da mulher com uma faca, ela só tem tempo de girar e é esfaqueada bem no abdômen pelo candidato.


Maquiavelle —   Avelar? Está maluco? Acaba de morrer Avelar Montes!


            Uma estaca sai voando do fim da sala e atravessa  peito de Avelar com sua mão...


Hiper pega a mulher pelo colarinho e dá com um chute nas costelas da mulher que é arremessada bem longe.


A única coisa que Maquiavelle consegue falar é — Hã?



Ela é posta para dormir. A família fica olhando o Hiper pegar o Rude desmaiado e o carregar pelo cinto, apesar de ser maior do que o homem de verde e casaco preto.


Alguém da família do Avelar — Moços o meu pai...


Sem resposta de Hiper, não há respostas, para que respostas. Na Rua São Clemente a polícia decide invadir e encontra a Maquiavelle amarrada.


Duas ruas atrás da casa um carro negro dispara entre ruas indo embora...Depois, Rude abre os olhos ainda com alguma tontura, luzes da cidade passando...


Rude esfregando os olhos — Hã onde estou?

Hiper sem olhar para ele mãos no volante — No meu carro! Longe o bastante da casa de Avelar para não responder perguntas que a polícia provavelmente iria te fazer!

Rude, meio atordoando ainda —... Hã...Você...Maquiavelle, o que houve com o Avelar?

Hiper olhos na rua — Morto! Não consegui deter a Maquiavelle! Ela o vazou com uma estaca!

Rude — Por que me tirou de lá, Hiper?


Hiper para o carro numa esquina, abre a porta para que Rude desça.


Hiper — Aqui nós nos dividimos cara, esqueça essa de correr atrás de pessoas...Não sei o que pretende, eu tenho um propósito...


Rude, indignado — Eu fui atrás de resolver um assunto aí bati contigo...E outra coisa eu livrei sua pele lá, se não tivesse aparecido você ainda estava flutuando pela mão da Maquiavelle!


Hiper, falando pausadamente — Não! você se quiser age sozinho, se quer brincar de herói vai fundo agora não me atrapalhe cara!


Rude andando sem olhar para trás — Tudo certo justiceiro!


Hiper, gritando para ser ouvido — Vigilante!


            O Rude não escuta enquanto Hiper acelera seu carro pelas ruas...


Hiper, pensando: “Vigilante ou justiceiro, tudo dá na mesma!”


 


 

    

  No radio do carro negro um locutor de programa noturna noticia:


“Criminosa para normal presa por dupla de vigilantes”.



Hiper, pensando: “Eu posso estar entrando numa fria, tenho que dar um jeito de não envolver a ONG no meio dessas minhas atividades, ela deve ficar isenta das minhas besteiras!”



 

Em outro local.


            Mesmo inconsciente dentro da Blazer da polícia, a mente de Maquiavelle trabalha, acontecem flashs do passado da mulher de traços atraentes.

 



 

O Passado faz o rosto da marginal se contorcer...


            Um casebre velho, há muitos anos atrás, a garota hoje conhecida como Maquiavelle tem apenas doze anos, está com uma boneca de plástico sem apetrecho, sem roupa de boneca...


A garotinha —...Não! Eu não vou fazer isso você é doido saí daqui o eu chamo a mamãe, sai seu Antonio, saí logo!


Seu Antonio, um homem gordo, grande e com hálito de aguardente — Não menininha bonita, não vou sair não, e sua mãe, se contar para ela, eu digo  que é sua culpa, sua vadiazinha!


A garotinha — Não, naoooooooooooooooooooooooooo!


Uma começa a levitar e vai direto para a garganta do homem chamado Antonio.


Ele grita : “ahhh!”. E cai no chão morto com a faca cravada no pescoço.


A garota grita é quando surge a mãe da menina no casebre.


A mãe — O que você fez com seu padastro menina?


A garota — ele veio para cima de mim...mãe...


A mãe — você é que estava se mostrando pra ele...você....Sai...Sai daqui...você não vale nada...Queria tirar meu homem...É tão ruim pra mim como seu pai foi...Sai da minha vista!


            A garota sai correndo, correndo e relembrando o que fez, a faca voando...pelas ruas ela tentava esquecer o que aconteceu, andando por entre becos, ruas...


A garota de doze anos falando sozinha para si —  Esqueça o que aconteceu, era um desgraçado, esqueça...Ele não vai tocar mais em você...Agora esqueça!!! Ninguém nunca vai me ameaçar de novo...Esqueça!

            Ela não esqueceu.

 


 

TEMPO ATUAL. 


Maquiavelle abre os olhos furiosos, o passado dói para ela, sua mente se ilumina entra na mente do motorista que perde o controle e bate a blazer, ela faz a porta de trás voar, Maquiavelle está livre.

Maquiavelle — Ninguém vai me fazer sofrer...Agora é você Hiper que vai ver como eu sou!

Uma pequena imagem está dentro da cabeça da Maquiavelle, uma imagem de uma garotinha de doze anos com uma boneca de plástico nas mãos dizendo:

 

“Esqueça, apenas esqueça!”

 



 

Outro Local.


Rude vai a direção a sua casa, na certeza que tem que agido corretamente. Já perto da sua residência. Uma mulher se aproxima sem que ele se dê conta de sua presença.


A mulher — Você foi aonde Wilton?


Rude, se vira, atende o chamado da mulher — O que está fazendo na rua, Márcia???

Márcia com um ar de irritada — Procurando por você Wilton!

Rude abraçando a Márcia — Então vamos pra casa para gente conversar melhor.

Um apartamento qualquer em algum lugar do Rio de Janeiro.

Márcia irritada —...Quer dizer que você se encontrou com outro maluco que acha que é vigilante também?


Wilton — Isso aí! diz que é vigilante, que não mata ninguém, ele se apelidou de Hiper!


Márcia mais irritada ainda — Tão idiota quanto se apelidar de Rude! Você não vai mais fazer isso não vai seguir essa droga de se meter em perigo!


Wilton — Tudo bem Márcia!

 



Manhã chegou.  ONG  Viva Vida.

O velho senhor que acolheu na ONG se aproxima de Hiper. O velho Pedro Gross.

O senhor Pedro Gross — Parece que você está se metendo em problemas e vai acabar sendo procurado pela polícia Hiper...Tudo bem que prender...

O Hiper, senta-se numa cadeira —...Melhor eu ter cuidado para não comprometer o trabalho da ONG,  os policiais não vão compreender que a Viva Vida não tem nada haver com que eu faço. Eu estou fazendo o que acho melhor, você entende senhor?

O velho Pedro Gross — Entendo que está a fim de arranjar encrenca! você sempre foi seu próprio guia garoto, desde que ouvi falar de você... Faça o que acha melhor Hiper!


O velho Pedro Gross se retira...deixando um angustiado rapaz no cômodo.

O Hiper — Pode ir embora rapaz...Daqui vai ser Hiper procurado vivo ou morto. É melhor eu me desligar da ONG, não vou prejudica-los de jeito algum!

 



       

    Jornal O País, manchete principal:

“Vigilante agindo na cidade...Moradores das ruas o chamam de ANJO MALDITO”

            Hiper pega o jornal e lê sobre o que dizem, o que lhe mais chama atenção na coluna é a pergunta : “É certo diminuir a violência agindo com atitudes autoritárias de indivíduos não eleitos para essa tarefa?”

            A cidade parece chorar quando chove...Hiper sente assim esse dia que acaba de nascer.

            Chove na cidade, chove na alma.

 


FIM.